E é isto... estamos mesmo na reta final rumo aos 40 anos, esse número "assustador". Lembro-me quando os meus pais fizeram 40. Para mim eram velhos, e agora tenho os meus filhos a acharem o mesmo.
Sempre me incomodou um bocado esta coisa dos anos passarem sem pedir licença, como se nos atropelassem. Quando fiz 30 doeu mas nem imaginava que a partir daí, com a invasão dos filhos, a montanha russa ia começar a acelerar a fazer loopings sem avisar. Às vezes dou por mim a pensar "Esperem lá, parem tudo! O que aconteceu? podemos fazer um pause?"
Dizem que quanto mais a vida é preenchida, mais passa a correr... e eu sinto que passa a voar. Ainda por cima não posso fingir que não sei, porque tenho uma filha que já calça quase tanto como eu e que todos os dias se gaba que está quase da minha altura, para me lembrar que... o raio do tempo realmente nos atropelou.
Mas eu já não me importo. Não me importo, porque não estou sozinha... tenho uma coleção de cromos de 1975, e outros de colheitas próximas dessa, que estão sempre comigo. Somos um núcleo duro, que avança a par e entre nós ninguém está velho demais nem novo demais.
Além disso, é inesperadamente fabuloso estar aqui! Não porque tenho mais certezas, ou mais respostas. Mas porque encaro tudo com mais serenidade. Porque encolho os ombros e continuo sem permitir que coisas "menores" estraguem o meu dia. Sou naturalmente mais seletiva em relação às coisas com que me preocupo, e às coisas que me tiram do sério. Consigo selecionar as "guerras" que quero travar e escolher ser feliz em vez de ter razão quando simplesmente não vale a pena. Porque aprendi a dizer não. Porque aprendi a gostar mais de mim própria. Porque aprendi a lidar melhor com a incerteza. Porque passei a achar que a imperfeição tem a sua graça. Porque finalmente percebi que a viagem importa mais do que o destino e que não faz mal não ter a certeza de onde vamos chegar.
Este ano vamos chegar aos 40. É só um número queridos... Felizmente vamos com um sorriso na cara, muita calma na alma, alegria no coração e um pouco de loucura na cabeça!
Sara